quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Lula e o silêncio por Santa Catarina


UM MINUTO DE SILÊNCIO?
Por Reinaldo Azevedo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu hoje (23/11), ao final da abertura da 1ª Conferência Nacional da Aprendizagem Profissional, em Brasília, um minuto de silêncio pelos mortos em razão das chuvas em Santa Catarina. Ele disse que o país acompanha "com tristeza" as notícias das mais de 50 pessoas que já morreram no Estado. Lula informou que já mandou o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, para a região e que, amanhã, irão os ministros dos Transportes, Alfredo Nascimento, e o chefe do Gabinete da Segurança Institucional, Jorge Félix.

SANTA CATARINA NÃO É CUBA

Quando os furacões assolaram o Caribe, as doações do governo Lula para Cuba, na forma de alimentos, medicamentos e materiais diversos, superaram os R$ 50 milhões, apenas pelo que foi publicado na imprensa, pois tudo o que se relaciona ao império comunista da dinastia Castro reveste-se do maior sigilo.

Em arroz foram enviadas 15 mil toneladas, a um custo de R$ 30 milhões. Boeings desceram em Havana carregados de doações. Lula, que saiu até atrás de navio espanhol para levar alimentos para Cuba, ainda não disse quantos milhões enviará para reconstruir o estado de Santa Catarina, devastado pelas chuvas, com número de mortos que já supera a casa de meia centena de cidadãos brasileiros.

O site do PT, à época dos furacões, trombeteou condoído que morreram sete pessoas na ilha, "o que para Cuba era muito". Para o PT, que até agora fez apenas os discursos de praxe, é muito ou pouco os 75 mortos em Santa Catarina (até 25 de novembro, com números aumentando alarmantemente)? Se Cuba recebeu R$ 50 milhões, quanto Santa Catarina merece?

A ilha de Lula é Cuba, não devemos esquecer. Para Santa Catarina, um minuto de silêncio.

SOLIDARIEDADE POLÍTICA

O furacão Ike matou quatro pessoas em Cuba. As chuvas já fizeram, em números oficiais, provavelmente subestimados porque deve haver corpos soterrados, 69 vítimas fatais em Santa Catarina.

Duas tragédias, dois presidentes. Para responder à emergência cubana, com seus quatro mortos, Luiz Inácio Castro da Silva convocou uma reunião de emergência com sete ministérios e editou uma MP determinando ajuda humanitária ao país. Para Santa Catarina, por enquanto, ele pediu um minuto de silêncio. Ah, sim: determinou que quatro ministros dêem uma espiadela na tragédia que acomete o estado. O governo ofereceu helicópteros para resgate e alguns colchões. E só. Nada de Medida Provisória liberando dinheiro.

Vamos entender as coisas na sua devida dimensão. A presença de ministros no local da tragédia, se não tiverem recursos a oferecer, é inútil. O papel da solidariedade política cabe ao chefe da nação - que é Lula. Ele, sim, já deveria ter pisado em solo catarinense para evidenciar que a população não está só. Tratar-se-ia de um simbolismo, enquanto seus auxiliares, em Brasília, viabilizariam os recursos. E olhem que nem seriam necessários sete ministros...

É o lado Bush de Lula. Katrina passou na janela, e a Carolina barbuda não viu.

O povo de Santa Catarina já se ergueu de outras tragédias. E o fará de novo. Que isso não sirva para esconder a lentidão do governo federal em prestar socorro àqueles brasileiros.

EM COMPENSAÇÃO...

Paraná e Rio Grande do Sul (sem Lula) montam rede solidária.

Um grupo de 139 homens da Polícia Militar (PM), do Corpo de Bombeiros, da Polícia Ambiental, da Companhia de Choque e da Defesa Civil do Paraná está pronto para ajudar no socorro às vítimas das chuvas em Santa Catarina. Parte desse grupo já estava atuando hoje em Itajaí, Joinville e Gaspar.

A Defesa Civil do Rio Grande do Sul também informou que enviará 70 carretas carregadas de colchões e mantimentos, além de kits de limpeza, para o Estado catarinense, onde as mortes causadas pelas chuvas já chegaram a 50.

Em acordo direto com o governador de Santa Catarina, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), acertou ainda o envio de 17 barcos para a ajuda. Dois helicópteros e um avião também estão à disposição para qualquer eventualidade. Cachorros treinados na busca de pessoas acompanham as equipes.

Além de colchões e mantimentos, o governo gaúcho já mandou a Santa Catarina um helicóptero da Brigada Militar (BM, a PM gaúcha) para auxiliar no resgate de vítimas isoladas e conseguiu que o 5º Comando Aéreo Regional (Comar) da Força Aérea Brasileira (FAB) enviasse outro helicóptero e um avião Bandeirantes. A informação é do coordenador da Defesa Civil gaúcha, capitão Luís Fernando Santos Carlos.

Como sempre, o Sul se vira sozinho. "Brasil: um país de todos".

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